A luz brilhou nas trevas

Quando Maria deu à luz, os Céus rejubilaram e a Terra exultou de alegria; o próprio inferno foi abalado e encheu-se de pavor. Na sua alegria, os Céus produziram uma estrela de enorme brilho e o glorioso exército dos anjos entoou este hino de louvor: «Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens por Ele amados». Na sua alegria, a Terra convocou os pastores que glorificaram o Menino e os magos que O adoraram, oferecendo-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. […]

A noite difundiu a luz pelas trevas, substituindo a obscuridade por uma luz esplendorosa. Esta noite gerou a luz antes de o sol se erguer, luz que, pelo seu brilho extraordinário, eclipsa o esplendor do sol. É sobre esta noite que o salmista afirma: «A noite será luz à minha volta»; e a seguir, dirigindo-se ao Senhor: «Para Ti, as trevas não serão obscuras e a noite será luminosa como o dia. Para Ti, as trevas serão como a luz» (Sl 139,11-12). […]

Recebendo o Emanuel recém-nascido, Maria contempla uma luz incomparavelmente mais bela que o sol, sente um fogo que as águas não podem extinguir. Ela recebeu, no invólucro do corpo que tinha dado à luz, o esplendor que ilumina todas as coisas, e mereceu ter em seus braços o Verbo que sustenta o Universo.Texto de Santo Amadeu de Lausana

Celebrar o Natal em tempo de pandemia

Nota do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa

1. Damos graças a Deus que neste Natal de 2020 nos convoca a um encontro mais íntimo e essencial com o Emanuel que veio salvar-nos. Queremos levar até ao presépio principal das nossas igrejas – o altar onde o Verbo encarnado se faz nosso Pão – a oferenda da dor e solidão de tantas famílias que vivem horas de sobressalto ou de luto, a generosidade de tantos homens e mulheres que de muitos modos e nos mais diversos âmbitos se dedicam a aliviar esses sofrimentos, os progressos da investigação científica e da solidariedade humana que fazem acender um farol de esperança no horizonte da família humana.

2. Acolhemos as orientações anunciadas pelas autoridades civis e sanitárias: permitir às famílias algum reencontro e celebração comum das próximas festas do Natal. E fazemos nossa a recomendação que as acompanha: que a alegria da festa e dos encontros familiares seja acompanhada de todas as cautelas, de modo que às festividades não suceda nova vaga de contágios com os consequentes sofrimentos e lutos.

3. O anúncio é auspicioso não apenas para as famílias – Igrejas domésticas – mas também para a grande família eclesial que vê, assim, ampliadas as possibilidades de celebrar em comunidade festas tão marcantes na vida da fé. Congratulamo-nos porque as orientações anunciadas nos permitem celebrar em assembleia não apenas nas manhãs dos dias de Natal, do Domingo da Sagrada Família (27 de dezembro) e da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus (1 de janeiro), mas também na véspera desses dias festivos e na tarde dos dias de Natal e de Ano Novo.

4. Desde já agradecemos a disponibilidade generosa dos Sacerdotes para proporcionarem aos fiéis ocasiões ampliadas de participação na Liturgia festiva desta quadra, ao mesmo tempo que os exortamos a manter todos os cuidados, conforme as nossas orientações de 8 de maio. Coerentemente, abstenham-se da prática tradicional de dar a imagem do Menino a beijar, substituindo esse gesto de veneração afetuosa por qualquer outro que não implique contacto físico e previna aglomerações.

5. A todos os que se enquadram nas chamadas «situações de risco» e a quantos estão de facto impedidos de participar presencialmente na Eucaristia, convidamo-los a santificar estes dias pela oração e pela caridade, pondo no centro da sua vivência natalícia a fé em Jesus Cristo, Deus que se fez nosso irmão, e o amor ao próximo.

6. Por fim, exortamos todas as famílias cristãs a avivarem a consciência da principal razão de ser destes seus encontros e convívios – o nascimento de Jesus, que introduz a humanidade na Família do próprio Deus, realizando na terra a fraternidade e a paz – e os enriqueçam com algum momento de oração em redor da mesa ou junto ao presépio e, se possível, com a participação conjunta na Eucaristia festiva das suas comunidades.

Fátima, 9 de dezembro de 2020

Retiro de Advento com o Pe Fernando Santos

Estamos a iniciar o Advento, tempo de espera e caminhada para o Natal.

O Advento começa com um profundo suspiro de fé e de esperança dirigido ao Senhor, “nosso Pai”, “nosso Redentor”, semelhante aos que subiam da boca e do coração dos nossos antepassados na fé, os santos do Antigo Testamento, que viveram antes da vinda do Filho de Deus. A vigilância é agora inculcada, com todo o rigor, pelo próprio Senhor Jesus.

Esta vida é como uma longa vigília, com os seus tempos sucessivos aguardando o sol nascente – Cristo – que vem do alto, como todas as manhãs recordamos na oração da manhã (Laudes). A solenidade do Natal, a que o Advento nos conduzirá, vem, em cada ano, antecipar simbolicamente aquela vinda gloriosa do Senhor no último dia, o dia que nos introduz na “vida do mundo que há-de vir”.